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Humorista do Casseta repudia piada de ‘negro’ feita por Danilo Gentili, do CQC

“A coisa ficou afrodescendente para o humor negro”. Com esta frase, Hélio de La Peña, do programa global Casseta & Planeta, intitula seu post, no site oficial do humorístico.

Hélio não gostou da seguinte piada, feita pelo também humorista Danilo Gentili, do CQC (Band), no Twitter (miniblog na internet) que, segundo ele, soou como recismo:

“King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?”, escreveu o CQC, referindo-se a alguns jogadores negros.

E Hélio manifestou sua indignação com um vasto depoimento. Entre muitas outras coisas, ele justifica sua reação, dizendo que a brincadeira “faz um paralelo do gorila com um jogador. Mas não qualquer jogador e, sim, um jogador preto”, ressaltou.

Confira o relato, na íntegra, do humorista da Globo:

“Tomei conhecimento dessa piada feita pelo Danilo Gentili, através do Twitter. Admiro o trabalho do humorista, acompanho a atualização do seu Twitter, fiz questão de assistir a seu stand up, quando esteve no Rio, e ri muito, assim como curto suas matérias no CQC. Enquanto representante do humor negro, black ou afrodescendente, resolvi pôr a mão nessa cumbuca quente.

É um tema que provoca discussões passionais. Há os que querem condenar quem faz piada com preto, há os que querem condenar quem reage a uma piada com preto. Sou contra proibir piadas, mas acho que a reação a elas deve ser encarada com naturalidade.

Não tenho problemas com piadas de qualquer natureza, desde que elas sejam engraçadas. Não foi o caso. Quando a piada é boa, não cria constrangimento. E as explicações patinam, não esclarecem nada. No caso, ela me incomodou porque faz um paralelo do gorila com um jogador. Mas, não qualquer jogador e, sim, um jogador preto. Afinal, a graça estaria aí! Ninguém comenta ou faz piada, se um jogador branco pega uma loura. O estereótipo com o qual nós, humoristas, trabalhamos com frequência é a do jogador negro (ou pagodeiro negro) que subiu na vida e, como tem grana, consegue pegar uma lourinha. O argumento de que não foi citada a cor do jogador é furado”.

Ainda em seu depoimento, Hélio continua rebatendo a defesa que Danilo fez no próprio Twitter, quando soube que o colega viu como preconceito sua piada. Danilo tentou argumentar que piada ao contrário, ou seja, de negro contra branco ou apelidos na infância nunca soam de forma pejorativa. Ele ainda pediu desculpas se foi mal interpretado, mas afirma que não retira uma palavra do que disse:

“Danilo publicou um texto no seu blog sobre o assunto. Ali argumenta que quem chama um preto de macaco é crucificado. E afirma que ‘eu mesmo cresci ouvindo que sou uma girafa’. E que muitos gordos são apelidados de ‘baleia’ou ‘elefante’. O problema é que ninguém parado numa blitz foi xingado de girafa pelos canas. Também não ouvi falar de um porteiro que tenha dito a um gordo: ‘Sobe pelo elevador de serviço, baleia’. Associar o homem preto a um macaco não é novidade no anedotário, e causa desconforto aos homens pretos.

Se alguma vez você sofreu discriminação racial, sabe o quanto isso é desagradável. Esta é a razão deste tipo de piada bater na trave. Isso não significa que eu seja a favor de cotas raciais – sou contra, prefiro um ensino de qualidade para todos. Também não sou militante da causa negra. Sou militante da mistureba geral das etnias. A fúria do ‘politicamente correto’ é fruto de fanatismo. Mas, democracia é o direito de se manifestar contra ou favor do que quer que seja, inclusive de uma piada.

Acho exagero imolar o humorista em praça pública. Processo é bobagem. Danilo não apontou o dedo na cara de nenhum preto e disse: ‘Olha aqui, seu macaco’. Ele fez uma piada. Quem não gostou, expôs sua opinião. Eu não gostei. E só”, concluiu Hélio.

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