Revista Veja! Globo ressucita 'O Clone' em versão latina
A coprodução com a Telemundo, braço latino da rede americana NBC, representa uma nova estratégia da emissora brasileira nos esforços para exportar suas novelas. Desde os anos 70, quando vendeu O Bem-Amado para uma rede mexicana, a Globo lucra com a comercialização de suas tramas. Exibida em noventa países, O Clone é uma das mais bem-sucedidas nesse mercado. Mas a venda de novelas "em lata", como se diz no jargão dos executivos de TV, esbarra num obstáculo. "Sempre que o público estrangeiro (assim como o brasileiro) tem a opção de ver produções que reflitam seus gostos e costumes, acaba por preferi-las em detrimento das produções importadas", afirma Guilherme Bokel, diretor de produção internacional da Globo. Em anos recentes, emissoras que antes eram clientes tradicionais da Globo em diversas latitudes passaram a apostar em sua própria teledramaturgia. A emissora continua a licenciar novelas, mas elas agora quase não vão mais para o horário nobre, e sim para a faixa da tarde ou para a TV a cabo. Nessas situações, o rendimento proporcionado pela venda de um capítulo de novela pode ser até um décimo daquele alcançado quando a exibição é no horário nobre (de 40 000 dólares, em média). Comercializar a fórmula, em vez do produto pronto, tornou-se uma alternativa a ser explorada.
El Clon não é a primeira coprodução da Globo e da Telemundo. Oito anos atrás, elas se uniram para fazer Vale Todo. O remake do sucesso de 1988 tinha elenco hispânico e exibia algumas adaptações (os personagens tomavam tequila em vez de caipirinha, por supuesto). Mas o cenário era o Rio de Janeiro e, de resto, a trama remetia em tudo à original. Não funcionou. "A lição que tiramos é que só ter atores hispânicos não garante a identificação com o público", diz Ricardo Scalamandré, diretor de negócios internacionais da Globo. A nova empreitada procura sanar essa fa-lha multiplicando os detalhes modificados conforme o gosto da freguesia. Saíram de cena Copacabana e o piscinão de Ramos, para dar lugar à badalada Miami Beach. O famigerado bar da Dona Jura foi trocado por uma boate de salsa - não só por adequação musical, mas também para permitir a exploração de corpões semidesnudos. A perua madura representada por Vera Fischer foi substituída por uma jovem "loba" - como os hispânicos se referem a uma mulher espalhafatosa e vulgar. "Há muitas criaturas assim à caça de partidos ricos em nossos países", diz Geraldine Zivic, a loira argentina que faz a personagem. A mudança que chama mais atenção - para melhor - é de tom e de ritmo. O dramalhão ganhou registro de comédia e a trama se desenrola sem firulas: as longas tomadas do diretor Jayme Monjardim foram podadas em favor da ação. Cada cena é cronometrada para ser o mais veloz possível. Essa receita se revelou, até agora, acertada. Nos primeiros dias, El Clon ficou em primeiro lugar em audiência entre os canais latinos em Miami.
A escolha da Colômbia como sede das gravações não é fortuita. O país emergiu como um polo internacional de produção de TV depois que as ações do governo do presidente Álvaro Uribe diminuíram o clima de insegurança nas grandes cidades. Contribuem ainda a distância relativamente pequena dos Estados Unidos (cinco horas de voo até Miami) e a visibilidade alcançada por uma novela colombiana, Betty, a Feia - que desde sua primeira exibição, em 1999, ganhou versões em vinte países (a mais recente das quais no Brasil, pela Record). Hoje, a Fox e a Sony mantêm estúdios na Colômbia. E as produções da Telemundo atraem estrelas de vários países. É o caso de Saúl Lisazo, um similar argentino do brasileiro José Mayer e o nome mais famoso de El Clon. Lisazo, que na juventude foi jogador de futebol (atuou por um ano no Juventus paulistano), reclama nos bastidores da precariedade dos estúdios da Telemundo. "Nas cenas externas, não tenho direito nem a um camarim privativo", diz o astro argentino. Sandra Echeverría, de 28 anos, foi cantora de um grupo juvenil de sucesso e protagonizou duas novelas no México. Hoje vive em Los Angeles, onde fez um filme com um dos atores adolescentes de High School Musical, Corbin Bleu. Desde novembro, porém, trocou Hollywood por Bogotá. Suas primeiras semanas de gravação foram prejudicadas pela soroche, o mal-estar de que sofrem os recém-chegados à altitude de 2 640 metros da capital colombiana. "Só sarei depois de tomar muito chá de coca", conta ela.
2 comentários:
gente eu não entendi nada
pelo o amor de Deus tenha piedade
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